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domingo, 31 de julho de 2022

Começando na ourivesaria- Aula 6/ Processos- Trefilação e afins

 

Trefilação/Trefilagem é um processo industrial que resulta na redução da seção transversal (largura) e no aumento correspondente no comprimento do material. Em outras palavras, é o processo de fabricação de um fio, onde, ao "puxarmos" o fio, este reduz sua espessura e muda de formato quadrado (na verdade, oitavado) para o formato redondo (no caso da fieira redonda), diminuindo seu diâmetro e aumentando seu comprimento.

Cada vez que fabrico um fio, meço o lingote quadrado recém-laminado, medindo-o em sua parte reta, como exemplificado abaixo:


Caso tenha dificuldades em medir com o paquimetro analógico devido ao Nônio, considere adquirir um paquímetro digital. Alternativamente, você pode acessar o YouTube, onde há centenas de vídeos explicativos sobre como usar esse instrumento.

Quando desejo obter um fio com 1,5 mm, busco criar o fio quadrado com uma espessura de 1,6 mm ou até maior. Isso garante que a conformação do fio alcance a elipse perfeita ao atingir a medida desejada de 1,5 mm.

Conforme demonstrado no vídeo, é essencial recozer o fio e aplicar cera de abelha durante todo o processo de trefilação. Essa cera atua como lubrificante, pois o fio tende a aquecer devido à fricção entre o metal nobre e o aço da fieira. Para reduzir esse aquecimento e prevenir possíveis travamentos do fio no orifício da fieira, utiliza-se o lubrificante, neste caso, a cera de abelha.


Outro lubrificante mais refinado e de excelente desempenho é o C20 do Atelier Carlos Oliveira. Além de ser utilizado para puxar o fio, também é eficaz na lubrificação de serras e brocas.


 


Existem vários tipos de fieiras e também diversos formatos e medidas.

Abaixo, um exemplo de como funciona mecanicamente a Trefilação:

Dessa forma, o fio é conformado e forçado a adquirir o formato redondo, caso seja uma fieira redonda, ou outro formato, caso a fieira seja meia cana, oval, quadrada, etc.

Outros formatos de fieira incluem:







As fieiras possuem escalas de medidas; se você vai comprar sua primeira fieira, a mesma deve ser a de formato redondo, sendo que você a encontra em medidas variadas conforme a procedência da mesma. Por exemplo:

Essa abaixo é a fieira nacional, formato redondo, e possui uma escala de 0,4 mm a 2 mm. É barata, mas com uma qualidade mediana.


 
Essa  fieira italiana, formato redondo, tem uma escala de 0,50 a 3 mm e possui uma boa qualidade.

Essa fieira chinesa , formato redondo, tem uma escala de 0,26 a 2,80 mm e apresenta uma qualidade um pouco duvidosa. Às vezes é boa, às vezes ruim, dependendo do lote ou do fabricante, o que seria impossível descobrir.



Essa abaixo é a maravilhosa fieira de vídia individual, formato redondo. Você escolhe a sequência de medidas que deseja; no entanto, é um item caro, como qualquer produto de qualidade superior.

Ela é montada num suporte e fica assim:



Essa abaixo é a excelente fieira suiça A&F , formato redondo, com uma escala de 0,26 mm a 2,80 mm; se você procura qualidade, essa é a fieira.



No vídeo, usamos uma fieira nacional formato redondo para charneira. Ela tem uma qualidade mediana, mas atende bem ao propósito, com uma escala de 2 mm a 9 mm.



Como foi citado no vídeo, as medidas dos fios e chapas são importantes, e gradualmente o iniciante vai tomando conhecimento dessas medidas. Lembrando que, no caso da charneira, você deve pegar a medida desejada e multiplicar pelo Pi (π) 3,1415.

Por exemplo: Quero um tubo de 2,5 mm, então faço 2,5 x 3,1415 = 7,85 mm. Então sabemos que a chapa retangular deve ter 7,6 mm de largura.

Lembrando que é essencial uma boa morsa número 3 ou 4; esta deve estar parafusada numa mesa bem travada para executar a trefilação.



quarta-feira, 27 de julho de 2022

Começando na ourivesaria- Aula 5/ Processos-Laminação

Laminação - A laminação é o processo de fabricação de lâminas e fios a partir do lingote que foi produzido utilizando o processo de fundição. Utiliza-se o laminador manual ou o laminador elétrico. Os perfis básicos para a confecção de uma joia incluem a chapa, bem como os perfis nos formatos de fio quadrado, meia cana, meia cana anatômico, fio chato, entre outros.


Após o lingote ficar pronto, seja ele envasado na canaleta mais fina para fabricar perfis no formato de fio ou na canaleta larga para fabricar chapas, o lingote será aquecido para que a cera de abelha evapore (a rilheira deve estar sempre untada com cera de abelha ou óleo de motor). Em seguida, será colocado no branqueador para limpar os óxidos da fundição e também os resíduos de bórax.

Após essa limpeza, é necessário usar uma pinça de plástico ou uma pinça com ponta emborrachada para evitar que o aço da pinça contamine o branqueador. Ao retirar o lingote do branqueador, ele deve ser imediatamente colocado na água com bicarbonato de sódio para neutralizar o decapante presente no lingote, que pode corroer o laminador.

No laminador, o processo deve começar da canaleta mais larga, seguindo a ordem decrescente até atingir o tamanho desejado, no caso de puxar o fio quadrado. Se você nunca viu um laminador, o mesmo tem um manipulo ou volante central que abre e fecha os cilindros, abrindo no sentido horário e fechando no sentido anti-horário.




Embora seja denominado fio quadrado, as canaletas do laminador têm formato oitavado devido a uma questão de conformação mecânica. Esse formato evita a formação de rebarbas durante o processo. Mesmo com essa configuração oitavada, é necessário ter cuidado para não apertar excessivamente os rolos ou passar o lingote em apenas uma posição, pois isso pode resultar na formação de rebarbas.



Para evitar que isso ocorra basta laminar o lingote hora na vertical e hora na horizontal como no exemplo abaixo:


Recozimento

Um dos processos mais importantes durante a conformação do metal é o recozimento. Seja laminando o lingote em formato de fio ou chapa, esse processo deve ser realizado entre as laminações.

O recozimento do metal consiste em aquecê-lo até que atinja a cor rosada. Esse procedimento amacia o metal, pois ele sofre uma grande tensão durante o processo de laminação, e o aquecimento faz com que as moléculas do metal se alinhem novamente, tornando-o macio.




Quando fabricamos uma chapa ou fio quadrado, é necessário ficar atento à espessura desejada, bem como à largura e comprimento, aspectos que serão abordados mais adiante.

A chapa pode ser laminada variando sua posição conforme necessário para atingir a largura desejada, como ilustrado nas fotos abaixo:



Para laminar na horizontal, utiliza-se esse recurso. Com uma folha de papel, coloca-se a chapa num sentido que normalmente evita que ela espirre e não seja puxada para o cilindro, ou então que gire em falso, especialmente se o rolo for novo e liso.


Se for possível, adquirir um laminador manual com redução será excelente, pois o laminador comum demanda bastante força durante o trabalho.

Importante destacar: jamais faça adaptações em um laminador manual, como motorizá-lo, por exemplo. A estrutura do mesmo não foi projetada para resistir à tração de um motor. Essa orientação não é apenas a opinião de um leigo, mas sim de alguém que já trabalhou dentro de uma fábrica de laminadores de alta qualidade e tradição no mercado. Já testemunhei máquinas sendo devolvidas porque algumas pessoas resolveram motorizar o laminador, e o resultado era um equipamento desgastado e defeituoso. Um laminador manual é feito com materiais projetados para resistir ao trabalho manual. Por outro lado, o laminador elétrico é fabricado com outro tipo de aço, resistente à tração de um motor.


Ferramentas e insumos utilizados ou citados no vídeo: Basta clicar sobre os mesmos se quiser acessar a Fornitura Virtual.

sábado, 23 de julho de 2022

Começando na ourivesaria-Aula 4/ Processos-Fundição

 Processos- Fundição

Fundição - O primeiro processo que você vai utilizar será a fundição. A fundição é o ato de derreter o metal usando um maçarico, um cadinho com suporte e, após o metal estar derretido, é escoado sobre uma ferramenta chamada rilheira ou lingoteira. Essa ferramenta deve ser aquecida e untada com óleo de motor ou cera de abelha antes de receber o metal derretido.

Quer saber detalhes sobre maçarico acesse aqui

Quer saber mais sobre rilheira acesse aqui

Detalhes sobre cadinhos e suportes 

Para ligar a prata mil para o teor 950, usa-se 95% de prata pura e 5% de cobre ou pré-liga para prata.

Por exemplo: Em 10 gramas de prata pura, coloca-se 0,5 (meia grama) de liga = 10,5 gramas de prata 950.

Para ligar o ouro 0,999 para 750, coloca-se 33% de prata e cobre ou 33% de pré-liga.

Por exemplo: Em 10 gramas de ouro 0,999, coloca-se 3,33 gramas de liga = 13,3 gramas de 750.

O maçarico mais comum é o Orca Mod 75. Esse maçarico usa apenas gás comum, e sua capacidade de derretimento é baixa, no máximo umas dez gramas. No entanto, ele serve bem ao iniciante, já que é utilizado para fazer as soldas. Entenda que quanto maior a quantidade de metal, mais potente terá que ser o maçarico. No caso acima do maçarico Orca, seria o kit de fundição OXIGÊNIO/GLP.

Nesse vídeo, iniciamos com a preparação da liga de prata, a preparação do cadinho e a fundição dessa liga com a finalização na rilheira, formando assim o lingote.

No vídeo, usamos:

O maçarico vem com três bicos: pequeno para usar nas soldas, médio para soldas grandes, recozimento e também para fundir, e o grande para recozer e fundir.



Compre o modelo completo com três bicos, esse maçarico usa somente gás comum (GLP).

Cadinho redondo número 2 com suporte.


No início compre pelo menos 2 cadinhos, esse cadinho redondo facilita muito pra fundir com o maçarico Orca.

Relembrando que o cadinho deve ser preparado com Bórax antes do uso.

Bórax como auxiliar fundente.

Esse sal é muito barato e leva-se anos pra gastar um kilo, é um insumo obrigatório; se quiser saber mais clique aqui!

Rilheira média Fornitura Virtual 80mm

Porém eu indicaria a menor de 45mm ou se achar cara pode ser a rilheira Dauf, metade do valor e também uma boa rilheira. Lembrando que a rilheira Dauf é ferro fresado enquanto a rilheira da Virtual é aço fresado, muito melhor!




Cera de AbelhaPara "untar" a rilheira, usamos a cera de abelha, que é muito barata e possui longa duração, sendo muito melhor que óleo de motor.

Sal branqueadorNo final da fundição, usamos o sal branqueador diluído em água filtrada para realizar o processo de decapagem. A decapagem é o processo químico utilizado para a remoção de oxidações, impurezas e crostas de fundição.
Na embalagem tem as instruções de uso.


Não esqueça dos EPIs
Um respirador reutilizável 6500 ou 7500 da marca 3M 
Ou no mínimo um respirador descartável PFF 2 da 3M, só jogue fora quando sujar, não precisa usar e descartar imediatamente.


Esses EPIs você vai achar pesquisando no Google, muitas lojas vendem e sua saúde vai estar protegida.


Pinças usadas no vídeo- Pinça comum e pinça emborrachada.

Para apartamentos onde seria difícil ter um kit Oxigênio/GLP, o indicado seria uma caneca elétrica. E o nome é esse mesmo, CANECA ELÉTRICA não é cafeteira elétrica ou derretedora elétrica, como já ouvi por aí.

Eu recomendo a caneca na voltagem 220 V (caso você tenha), por questões de segurança, economia e desempenho do equipamento. A caneca 110 V também é boa, mas muitas instalações elétricas nessa voltagem podem ser antigas e conter fios finos que não vão suportar a amperagem exigida pelo equipamento, causando alto consumo ou até mesmo uma pane elétrica. Se esse for o seu caso, chame um eletricista para uma avaliação antes de comprar o equipamento.


A caneca vem com um cadinho de grafite, e caso você trabalhe com mais de um metal, terá que comprar outro cadinho à parte, pois deve-se usar um cadinho para cada metal.

Não há necessidade de exagerar na hora de acrescentar o bórax quando for realizar a fundição; uma pequena pitada em cima do metal é suficiente. Como o metal fica protegido do oxigênio devido à tampa da caneca, não é necessário aplicar bórax como acontece no processo de fundição com maçarico.

A caneca atinge 1.120°C de temperatura em aproximadamente meia hora.

quinta-feira, 7 de julho de 2022

Bórax, Salitre , Ácido Bórico, Enxofre e Bicarbonato de Sódio.

 bórax (Na2B4O7·10H2O), é um também conhecido como Borato de sódio ou Tetraborato de sódio é um mineral alcalino derivado da mistura de um sal hidratado de sódio e ácido bórico (wikipédia)


Na ourivesaria, o Bórax desempenha a função termoquímica e também de limpeza. Durante a fundição, ele dissolve os óxidos metálicos presentes na superfície dos metais.

O Bórax também tem o nome comercial de trincal.

Na realidade, o bórax é o elemento de sacrifício. Durante a fundição, ele atua como auxiliar fundente e retira os óxidos. Assim, enquanto o bórax é atacado pelo oxigênio, acaba poupando o metal. Se não houvesse o bórax, o metal sofreria perdas.

Toda vez que for realizar uma fundição, é obrigatório colocar o bórax sobre o metal. Quando o cadinho for novo, é necessário vitrificá-lo antes de usar para fazer alguma fundição.





O bórax mais usado é o hidratado (deca hidratado), e a expansão que ocorre com ele é devido ao fato de que, quando submetido ao fogo, a tendência natural é que ele libere a água primeiro antes de derreter. Ao contrário do bórax deca hidratado, o  Bórax Anidro não sofre essa expansão, pois não contém a hidratação. O inconveniente é que o bórax anidro costuma ser mais caro do que o bórax comum.

O salitre do Chile, ou nitrato de potássio, é um elemento químico utilizado para limpar o ouro de possíveis impurezas que o tornam quebradiço durante o processo de laminação. Durante a fundição, ele é adicionado junto com o bórax para fortalecer o ouro quebradiço.

A título de curiosidade, o nitrato de sódio também é conhecido como salitre do Chile. O nitrato de sódio passa por uma reação química com o cloreto de potássio e se transforma posteriormente em nitrato de potássio, mas o que interessa aqui é o nitrato de potássio.

Geralmente, ele é encontrado em formato de bolinhas de sal, mas também pode ter formato de sal comum. Pode ser branco ou rosado.


O Enxofre é outro elemento químico usado na joalheria, a princípio ele compõe o famoso e fedorento Fígado de Enxofre ou simplesmente oxidante de prata; outro uso do enxofre é no caso do ouro estar um pouco baixo, sendo possível usar o enxofre enquanto se faz a fundição desse ouro, em teoria ele limparia o metal elevando seu teor e acredito que o enxofre acabe elevando o ponto de fusão do ouro eliminando os outros metais compostos na liga desse ouro causando sua perda por evaporação (queima).


Lembrando que o cheiro dessa fundição será insuportável.

O Ácido Bórico é um composto químico, também em forma de sal, utilizado misturado a álcool gel ou mesmo aos fluxos de solda para proteger pedras ou joias que possuam trabalho de buril, fosqueado ou jato de areia. Sua ação é isolar essas partes, criando uma camada protetora durante o aquecimento, garantindo que as áreas trabalhadas não percam o brilho, o fosqueado e nem mudem de cor. Outra característica do ácido bórico é que ele possui ação agregadora na hora de fundir o pó de ouro, juntando microbolinhas que se formam, assim como o bicarbonato de sódio, que também possui essa característica..

O Bicarbonato de Sódio é outro elemento químico em forma de sal usado na bancada, misturado à água, o mesmo vai servir para neutralizar a ação do sal branqueador ou do ácido usado pelo ourives para decapagem, além da função agregadora como já citei acima.
Esses são alguns químicos usados na ourivesaria.


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