CORRENTE GRUMET EM OURO

Vou mostrar o passo a passo da fabricação manual de uma corrente Grumet, conforme for fazendo vou  postando as fotos do processo até a finalização.

A princípio o ouro é fundido e derramado na rilheira (lingoteira) para formar uma barrinha ou lingote, assim começa todos os processos de fabricação manual; apenas se opta por formar a barrinha mais estreita como na foto, nesse caso para fabricar o fio ou usando o outro lado da rilheira para formar um lingote mais largo para fabricar chapas.

Lembrando aos iniciantes que essa rilheira tem que estar sempre lubrificada com óleo de motor para o ouro fundido não espirrar em contato com  o ferro, além é claro de precisar aquecer a rilheira na hora de derramar o metal derretido sobre ela. Eu não uso óleo e sim cera de abelha, tem o mesmo efeito e o cheiro é bem mais agradável!

Depois desse processo, o ouro deve ser aquecido e jogado no ácido para branquear e eliminar possíveis resíduos de trincal (eu uso um sal chamado Rutenium, alias acho que todos usam hoje em dia). Esses resíduos podem desgastar o laminador com o tempo.

Depois de limpo, o ouro deve ser recozido e colocado sobre o taz ou um tijolo para que esfrie naturalmente e fique maleável.

O fio tem que ser recozido várias vezes entre as laminações para não rachar .

Recozimento do ouro-Para quem não sabe é o ato de esquentar o metal até ele ficar vermelho e depois deixá-lo esfriar naturalmente ou então esfriando no álcool .

Abaixo o processo de laminação      

Após a laminação do fio,vamos apontá-lo e recoze-lo e ainda quente passar na cera de abelha,para facilitar a trefilação que  deverá atingir 180 cm já no perfil redondo.

As bitolas

 Abaixo a bitola vista de perfil...

...e de frente

 Eu tenho o hábito de usar bitolas feitas de prego por serem mais resistentes do que o cobre. Retiro a 'cabeça' do prego e depois de recozer, lamino até chegar na medida desejada, para isso uso um velho laminador e não esse do vídeo, pois provavelmente iria danificar os cilindros. A bitola define o tamanho do elo é fabricada a partir de uma corrente pronta ou por escolha do ourives.

Para chegar ao  tamanho do fio que será trefilado e depois transformado em elos, existe uma fórmula matemática, mas não a uso, talvez por preguiça mesmo.

Defino o tamanho assim, escolho a bitola (deixo várias prontas) depois faço uns dez elos de prata e aproveito para mostrar ao cliente como a corrente vai ficar, pois já aconteceu da corrente estar pronta e o cliente dizer que queria o elo mais curto ou mais comprido, dessa forma não tem como ele dizer que não tinha noção do tamanho.

Depois eu meço o tamanho dos 10 elos para ver qual o comprimento e abro um dos elos, estico o fio para medi-lo; então vamos supor que os dez elos mediram 5 cm e o elo aberto mediu 1,5cm, então para fazer uma corrente de 60 cm vamos precisar de 120 elos, sendo que cada elo mede aberto 1,5 cm vamos ter que puxar um fio de um pouquinho mais de 180 cm, já que vão sobrar pontas deve-se acrescentar alguns centímetros a mais e também a corrente será torcida para ficar no modelo Grumet e isso acaba diminuindo uns 10% o seu tamanho final.

Sei que alguns profissionais levam tudo na base do calculo exato e fazem muitas contas e tal, mas assim também dá certo.

Trefilando o fio de ouro

Como o fio vai ter um pouco mais de 180 cm eu laminei o mesmo até 100 cm para iniciar a trefilação na fiera, ele vai passar do formato quadrado para redondo.

Na foto abaixo o formato que o fio sai do laminador:

Depois é apontado

(minha câmera tá uma merda,então desculpem se ficou desfocado) 

O próximo é o recozimento e ainda com o metal quente passar na cera de abelha, essa cera ajuda muito na hora da trefilação.

Depois de 'untar' o fio inteiro na cera de abelha vamos puxar o fio (agora o fio quadrado está com 1 metro e teremos que chegar até 1,80 m). Usamos a fieira,passando a ponta afinada e depois usamos o alicate para puxar fio, ou um alicate de pressão.

 Lembrando que o fio será recozido e encerado quantas vezes for  necessário.

Depois de chegar na medida desejada, vamos recozer e deixar esfriar, e também preparar a bitola enrolando várias camadas de fita adesiva, essa fita vai possibilitar a retirada do fio posteriormente.

Depois com a ajuda da morsa e de um morceto de madeira ( o ideal seria um morceto de ferro ou um alicate de pressão). Vamos enrolar o fio com muito cuidado e sempre forçando o fio para não ficar frouxo sobre a bitola.

Os elos vão ser serrados, encaixados, fechados e depois soldados.

 Aqui são serrados na parte mais estreita do elo

 São encaixados e fechados um após o outro até o final

 Aqui abaixo os elos são soldados um a um,com a solda sempre no mesmo tamanho para não ficar uma solda mais 'carregada' do que a outra

Depois da soldagem é branqueado no ácido apenas para eliminar os resíduos de fluxo de solda e para conferir se estão todos soldados. Abaixo a corrente já soldada e branqueada.

Depois da corrente estar livre dos resíduos de fluxo de solda vamos recozer novamente e colocar dois arames transpassados nos elos da ponta como na foto abaixo, para assim alinhar os elos numa fieira grande. Usa-se um alicate para puxar a corrente e repete-se o processo até todos os elos estarem igualados ou seja com a mesma altura:

Depois vamos torcer a corrente usando dois alicates,essa parte tem que ser feita com cautela para não torcer demais ou de menos:

Depois vamos prender a corrente já torcida numa madeira, com o auxílio do arame e dois preguinhos que vão servir para prender a corrente e deixá-la bem esticada. Depois vai ser lixada para facetar os elos e posteriormente polida.

Essa corrente foi feita sem fecho a pedido do cliente: