Tenho ouvido várias opiniões sobre laminadores ultimamente, como por exemplo: "meu laminador tem o rolo duríssimo e posso passar até pregos". No entanto, é importante lembrar que metais ferrosos requerem um laminador especial e laminação à quente. Ou seja, o metal ferroso deve estar incandescente para ser laminado, mas isso não se aplica ao nosso ofício de ourives.
Se eu tentar passar um prego no meu laminador, ele corre um grande risco de ficar com o cilindro marcado e até rachar, sem dúvida alguma. Há alguns anos, testemunhei um incidente em que um amigo laminava um tarugo de meio quilo de prata em um lendário e robusto laminador Eletrauri e o cilindro simplesmente partiu ao meio. Isso não significa que o laminador seja defeituoso. Foi uma imprudência do meu amigo forçar a máquina ao extremo, pois esse laminador resistiu por 20 anos até que alguém desavisado tentasse exceder seus limites.
Os laminadores são projetados para trabalhar com prata e ouro. Seu cilindro é polido para que o metal já saia semi-acabado. Um laminador com o aço do cilindro muito duro corre o risco de trincar, enquanto um laminador com aço muito macio ficará marcado e desgastará facilmente.
Um exemplo disso é um laminador que tive contato recentemente: o ourives danificou os rolos ao laminar aço, acabando por quebrar os canais. Embora o laminador possua rolos de aço duríssimo e, sim, não fiquem marcados ou amassados devido à sua dureza, eles acabam trincando quando submetidos a esse tipo de esforço, especialmente ao laminar aço.
Então, é importante entender que se o aço for muito duro, ele trinca, e se for muito mole, amassa. Essa é a lei do aço em geral. Portanto, não adianta investir em uma máquina top de linha e achar que pode laminar pregos nela.
Outro ponto a considerar são os resíduos de Bórax que ficam grudados no ouro, que são extremamente prejudiciais aos cilindros. Peças que foram mergulhadas em ácido e não foram devidamente lavadas para remover os resíduos também podem estragar os cilindros, pois o ácido residual vai corroer o rolo e quando você perceber, pode ser tarde demais.
Então, meus amigos, não vamos misturar as coisas: uma Ferrari é feita para andar no asfalto, um trator é feito para andar no mato. Além disso, o uso de espumas, óleo e bom senso irá certamente prolongar a vida útil do seu laminador.
Aqui estão algumas instruções de uso e manutenção:
- -Em repouso, mantenha os rolos abertos. Nunca deixe seu equipamento sem uso com os cilindros fechados ou encostados, pois as variações climáticas podem fazer com que o material se expanda, levando à quebra ou rachadura;
- -Periodicamente, mantenha todas as engrenagens do equipamento lubrificadas;
- -Mantenha os mancais/buchas lubrificados;
- -Limpe os rolos com papel toalha (ou jornal limpo) e White Lub® ou WD40;
- -Após cada trabalho, nunca deixe os cilindros sob pressão, pois podem quebrar devido ao endurecimento. Faça a limpeza dos rolos conforme orientado;
- -Antes de iniciar cada serviço, limpe os cilindros para evitar impurezas;
- OBS: Ácidos, Bórax e água são os maiores inimigos dos cilindros, causando porosidades que resultam em laminação de uma chapa imperfeita;
- -Faça manutenção periódica em sua máquina.
É importante ressaltar um ponto relevante que foi levantado por um amigo do blog. Ao comprar um laminador ou qualquer outra máquina de joalheria, é crucial estar ciente do prazo de entrega desses equipamentos. Salvo quando o fabricante tem o produto em estoque e pode enviá-lo em poucos dias, o que geralmente não é o caso.
Após fechar o negócio, a empresa inicia a fabricação dos cilindros de acordo com o pedido do cliente (no caso de laminadores), e em condições normais, esse processo pode levar até trinta dias. No entanto, se a empresa estiver com muitas encomendas, esse prazo pode se estender ainda mais. É importante estar ciente disso para evitar frustrações posteriormente.
Para ilustrar, posso citar meu próprio exemplo: na compra do meu laminador elétrico Coelho, foram necessários trinta e três dias para recebê-lo. Para o laminador manual, foram trinta dias; para um laminador anatômico de outra empresa, foram vinte e cinco dias; e para outros dois laminadores (um meia-cana e outro com desenhos), também levaram em média trinta e poucos dias. Já uma inclusora a vácuo, minha última compra, demorou 43 dias devido à sobrecarga do fabricante. O erro neste último caso foi a promessa inicial de entrega em vinte dias, seguida de repetidas informações incorretas sobre o prazo real, o que acabou resultando em um atraso significativo.
Foi um lapso não ter fornecido essa informação anteriormente, mas como um amigo trouxe essa questão à tona, achei oportuno esclarecê-la agora.