Engraçado como há pessoas sortudas no mundo, e o pior é que a maioria nem se dá conta da sorte que tem. Descobri esta semana que sou mais um desses sortudos desavisados e distraídos. Percebi isso depois de 50 dias correndo para cima e para baixo com minha mãe, que foi diagnosticada com um câncer terminal de pulmão há 50 dias. Isso mesmo, terminal! Porque essa doença desgraçada fica ali dentro da pessoa, quietinha e crescendo, sem nenhum sintoma, sem nenhuma dor. Minha mãe ia direto ao médico e nunca descuidou da saúde; quando começou a emagrecer, o médico disse que era a tireoide e indicou remédios para regular essa glândula, enfim...
Quando for ao médico fazer um checkup, entre os exames de colesterol, diabetes e outros, peça um exame chamado CEA. Isso poderia ter salvo a vida da minha mãe se o médico tivesse pedido há um ano atrás, ou pelo menos teria dado boa chance de defesa. Lutei, corri, me desesperei, mas não consegui e vi minha amada perdendo as forças e morrendo. O que me consola um pouco é saber que Deus a levou rápido e não permitiu que ela ficasse sofrendo numa cama.
Quanto ao assunto inicial sobre ser um sortudo e não se dar conta, é o fato de ter vivido 43 anos sendo mimado e amado por essa mulher incrível. Conheci um anjo e não me dei conta. Fui um bom filho sim, mas dei um pouquinho de trabalho, nada demais! Podia ter trocado muitos momentos e ocasiões e ter ficado mais com ela. Podia ter trocado a cervejinha no bar pelo jantar da mamãe, podia ter trocado um churrasco na casa dos amigos por um churrasco na casa da mãe, enfim...
Se você ainda tem a sua e pode abraçá-la e beijá-la, não perca tempo! Não deixe para descobrir tarde demais o privilégio de tê-la aí bem pertinho. Por mais que a abrace e a beije, quando o dia chegar, sempre terá a sensação de não ter abraçado e beijado o suficiente. Adeus, minha amada mãe, descanse nos braços de Jesus!
