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domingo, 29 de junho de 2025

Não desanime, persista!

Frequentemente ouço relatos — e até pedidos de ajuda — de amigos dizendo o quanto está difícil trabalhar, pagar as contas e seguir em frente. Nessas horas, acabo assumindo um papel de conselheiro e até de psicólogo. Claro, não tenho formação nessas áreas, mas tenho algo que vale muito: estrada, tombos e muitas decepções que viraram aprendizado.

Minha vida nunca foi fácil. Meu primeiro mestre, o César, era uma boa pessoa e tinha paciência para ensinar. Mas, depois dele, fui praticamente autodidata. Passei por mais três oficinas e tive que aprender muito por conta própria. Eram os anos 90 — a internet ainda estava por surgir — e é por isso que costumo dizer: hoje, as pessoas têm quase tudo à disposição, muitas vezes de forma gratuita, mas preferem gastar tempo com distrações inúteis.

Infelizmente, isso tem tornado muita gente inapta, perdida diante de problemas simples, fáceis de resolver com um pouco de iniciativa. O desânimo que vejo em muitos colegas vem justamente disso: da falta de ação, da preguiça de estudar, de ler, de buscar conhecimento.

Na profissão, vejo isso com frequência. A pessoa poderia, por exemplo, se aprofundar no tema da galvanoplastia, lendo, pesquisando, entendendo a fundo. Mas prefere receitas prontas. Quando surge um problema mais complexo, não consegue resolver.

Convivi com diversos profissionais ao longo do tempo e observei dois perfis bem distintos: o primeiro é composto por aqueles que aliam a prática ao estudo técnico, aprendem com a experiência empírica — o chamado “aprender observando” —, mas também valorizam a leitura, investem em cursos e buscam constantemente aprimoramento. O segundo grupo, por outro lado, limita-se exclusivamente ao empirismo, recusando qualquer aprofundamento teórico ou técnico. O mais preocupante é que muitos desses que desprezam a leitura e se recusam a participar de qualquer formação sofrem do chamado efeito Dunning-Kruger — ou seja, possuem baixa competência, mas superestimam seus próprios conhecimentos. Essa combinação é extremamente nociva. A ignorância, afinal, é uma forma de prisão.

Muito do desânimo vem dessa escolha: buscar atalhos, depender de “receitinhas”, recusar o estudo e, com o tempo, perder a clientela. Alguém pode até dizer: “Mas fulano nem sabe escrever o próprio nome e está rico!” Sim, acontece. Mas se você não tem o carisma, a sorte ou qualquer outro fator que tenha ajudado fulano, o único caminho confiável é dominar a técnica e a teoria — e não apenas o empirismo.

Pense comigo: quem ganha mais no longo prazo? O profissional bem treinado, com cursos e base técnica sólida, ou aquele que nem conhece o nome das ferramentas? É claro que há exceções, mas qual grupo você acha que tem mais pessoas bem-sucedidas?

Eu mesmo estou me reciclando fazendo curso de joalheria 3D e cravação de pedras, nunca é tarde!

Não aposte na sorte, aposte na capacitação!

Se você está apenas começando na ourivesaria, é importante refletir com atenção antes de seguir adiante. A ourivesaria exige um investimento significativo — tanto financeiro quanto de tempo e dedicação — e não deve ser encarada como um simples hobby. Uma excelente forma de avaliar se essa é realmente a trajetória profissional que deseja seguir é consultar o livro da Rita Santos, uma referência na área. Além disso, há um vídeo baseado na obra que pode servir como parâmetro inicial para ajudá-lo a tomar uma decisão mais consciente sobre investir ou não nessa profissão.

Se você leu até aqui, isso já demonstra uma atitude diferenciada — um sinal de que está no caminho para se destacar, ao contrário de muitos que, infelizmente, têm verdadeira aversão à leitura.

segunda-feira, 23 de junho de 2025

Cuidados que o iniciante deve tomar antes de comprar.

Se você está começando na ourivesaria e, naturalmente, passa a seguir grupos ou profissionais da área, tenha bastante cuidado com as indicações, unboxings e reviews que muitos influenciadores costumam divulgar. A propaganda faz parte de qualquer negócio, é verdade — mas ferramentas são caras, e nem sempre tão incríveis quanto fazem parecer.

É importante deixar claro que há, sim, pessoas responsáveis e criteriosas nas indicações, inclusive nomes respeitados no cenário da ourivesaria. No entanto, tem outros que promovem produtos independentemente da qualidade, muitas vezes numa permuta ou simplesmente pra ganhar algum desconto.

O ponto-chave é que, de modo geral, as ferramentas perderam muita qualidade, e o cuidado na hora da compra deve ser criterioso, não impulsivo ou baseado na emoção.

 Não estou dizendo que você não deve comprar — apenas que é fundamental analisar bem antes de fechar negócio. Pergunte em diferentes grupos de ourivesaria sobre a ferramenta ou máquina que pretende adquirir. Afinal, depois da compra, se houver arrependimento, pouco poderá ser feito além de lamentar.

Eu mesmo já fiz propaganda de várias máquinas e ferramentas, mas sempre com muito critério nas indicações. Já recusei propostas de review de equipamentos cuja qualidade eu sabia ser ruim. E sim, admito que cometi um erro uma única vez, ao indicar uma máquina que, infelizmente, se mostrou problemática após alguns anos de uso. Esse fato serviu de lição e após isso eu mudei minha atitude de emocionado para racional.

A primeira pergunta que você deve fazer é: se a pessoa acabou de receber a ferramenta, como pode afirmar que ela é boa, se nem sequer a testou? Quando falo em testar, refiro-me a um teste real.  Tempos atrás eu mesmo vi, no Instagram, uma influenciadora (ourives iniciante) da área fazendo propaganda de um kit e dizendo estar feliz e realizada por finalmente tê-lo conseguido. O kit, de fato, é visualmente bonito — e também caro. Mas trata-se de um produto importado da Índia, com vários defeitos que só aparecem no uso prático. É feito com material de baixa qualidade e, com pouco uso, começa a deformar, tornando-se imprestável.

E como eu sei disso? Além de atuar como ourives há mais de 40 anos, sou fascinado por ferramentas. Também fui testador e colaborador oficial de uma fornitura, que além de loja é fabricante de máquinas e ferramentas. Trabalhei presencialmente com uma variedade enorme de ferramentas — tanto as que eu já conhecia quanto muitas outras que pude testar pela primeira vez.

Portanto, evite compras impulsivas ou inúteis. Pesquise, pergunte, compare e só então compre. Assim, você realmente poderá se realizar em sua bancada, com ferramentas que valem o investimento.


*As fotos são meramente ilustrativas e a crítica é genérica não sendo direcionada a nenhuma pessoa específica ou loja. 

quarta-feira, 12 de março de 2025

Máquinas e Ferramentas Antigas de Ourivesaria

 Máquinas e Ferramentas Antigas de Ourivesaria

A ourivesaria é uma arte milenar que atravessou séculos mantendo suas tradições. Até o século XX, o ofício era predominantemente artesanal, com ferramentas e máquinas desenvolvidas para atender às necessidades dos mestres ourives.

Abaixo, apresento algumas imagens retiradas de museus e leilões ao redor do mundo, que registram parte dessa história. Vale lembrar que muitas dessas ferramentas são extremamente antigas e, possivelmente, já não existem mais.































































































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